O que a compra bilionária da Frontier pela Verizon indica para o mercado de fibra no Brasil?

A Verizon, gigante das telecomunicações nos EUA, investiu US$ 9,5 bilhões para adquirir a Frontier

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Por Jorsiley
Imagem - JJ Ying / Unsplash
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A Verizon, gigante das telecomunicações nos EUA, investiu US$ 9,5 bilhões para adquirir a Frontier, uma de suas principais concorrentes no setor de internet de alta velocidade via fibra óptica.

Com essa compra, a Verizon assume as mais de 2 milhões de conexões de fibra da Frontier, que estão espalhadas por 25 estados. Essa incorporação eleva o número total de clientes de fibra da Verizon para 10 milhões, abrangendo regiões como o Nordeste, Centro-Oeste, além de mercados como Califórnia, Texas e Flórida, que haviam sido vendidos para a Frontier em 2016.

No acordo, a Verizon ofereceu aos acionistas da Frontier US$ 38,50 por ação, um valor 37% superior ao preço de fechamento do dia anterior ao anúncio. A negociação avalia a Frontier, com sede em Dallas, em US$ 20 bilhões, incluindo suas dívidas.

“Agora, somos líderes em mobilidade e ocupamos o terceiro lugar em banda larga,” afirmou Sowmyanarayan Sampath, chefe da divisão de consumidores da Verizon, em entrevista ao The Wall Street Journal. “A combinação de banda larga e fibra traz grandes benefícios para nós e para os clientes.”

A Verizon também planeja expandir em 2,8 milhões o número de pontos de fibra até 2026, além dos 7,2 milhões já existentes da Frontier. Segundo o CEO da Verizon, Hans Vestberg, a aquisição vai permitir uma competitividade maior em diversos mercados dos EUA.

Será que essa negociação pode influenciar o mercado de fibra óptica no Brasil? A Oi, em recuperação judicial, tenta vender seus 4,3 milhões de clientes de fibra por R$ 7 bilhões, mas as ofertas têm sido baixas. A Desktop, com 1,1 milhão de clientes no interior de São Paulo, também está em negociações, avaliada em cerca de R$ 1,8 bilhão.

No caso da Verizon, considerando as dívidas, o preço pago por cada cliente da Frontier é de US$ 10 mil (aproximadamente R$ 55.900), valor que, segundo fontes do setor, não se aplica à realidade brasileira.

Futuro após a fusão Com a conclusão da fusão em até 18 meses, espera-se que a receita das empresas aumente e que o Ebitda ajustado cresça. Os impactos financeiros devem ser sentidos a partir de 2027, com a expectativa de gerar US$ 500 milhões em sinergias de custo nos primeiros três anos.

A Verizon, no entanto, não está sozinha em sua corrida pela expansão da internet via fibra. A T-Mobile, por exemplo, investiu recentemente US$ 4,9 bilhões numa joint venture com a KKR para adquirir a Metronet. Já a Frontier, por sua vez, investiu US$ 4,1 bilhões nos últimos anos para modernizar sua infraestrutura.

Histórico da Frontier A Frontier enfrentou dificuldades em 2020, quando entrou em recuperação judicial devido às perdas no setor de telefonia fixa. Após reestruturar suas operações e focar em fibra óptica, a empresa conseguiu se recuperar. Em 2023, a Frontier reportou vendas de US$ 5,8 bilhões, com 52% de sua receita oriunda de sua divisão de fibra.

Atualmente, as principais acionistas da Frontier são as empresas de private equity Ares Management e Cerberus Capital Management. Além disso, em 2022, a Jana Partners adquiriu uma participação na companhia, reforçando seu interesse no negócio.

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