Camil compra duas empresas de arroz no Paraguai; veja a análise do BTG Pactual e Itaú BBA

A empresa avança no mercado exportador de arroz, mas não revelou os detalhes financeiros do acordo.

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Por Jorsiley
Imagem: Facebook Camil
Imagem: Facebook Camil

A Camil (CAML3), empresa brasileira de alimentos, comunicou ontem (5) o acordo para adquirir duas empresas de arroz no Paraguai. De acordo com o fato relevante, a Camil comprará 100% do capital social da Rice Paraguay e 80% de sua subsidiária, Villa Oliva Rice. Essas empresas possuem propriedades rurais e atuam em todas as etapas do processo produtivo de arroz, desde o cultivo até a comercialização.

Os detalhes financeiros da transação não foram divulgados, mas um ponto curioso chama atenção: os imóveis rurais envolvidos na compra ficarão sob propriedade do CEO da Camil, Luciano Quartiero. A aquisição segue o modelo de "porteira fechada", onde a empresa adquire todos os ativos, mas planeja separar as propriedades rurais posteriormente. A Camil focará apenas na produção e comercialização do arroz, enquanto os terrenos serão transferidos para seu CEO.

A decisão de adquirir as propriedades se deu devido a exigências legais no Paraguai, relacionadas à compra de terras em áreas de fronteira.

O que dizem os especialistas

O BTG Pactual comentou a aquisição, chamando-a de uma "estratégia bem alinhada" com os objetivos da Camil, mas observou que a falta de informações financeiras cria incertezas. O banco destacou que a empresa está em processo de redução de dívida após atingir um índice de dívida líquida/EBITDA de 3x em 2022, e a nova aquisição pode levantar questionamentos sobre o impacto nos esforços de desalavancagem, especialmente com os atuais preços elevados do arroz.

A Villa Oliva, uma das empresas adquiridas, exportou cerca de 100 mil quilos de arroz em 2023, gerando US$ 50 milhões em receita. O BTG Pactual acredita que essa força exportadora pode ajudar a Camil a diversificar geograficamente, mas não prevê um impacto significativo nos balanços da empresa, considerando a escala da transação.

Já o Itaú BBA apontou que a operação no Paraguai pode permitir à Camil acessar arroz mais barato para o mercado brasileiro, já que o Brasil importa volumes significativos de arroz do Paraguai. No entanto, o banco também ressaltou a importância de maior transparência na transação, especialmente quanto à separação dos imóveis.

Ambos os bancos mantiveram uma visão positiva sobre a Camil, com o Itaú BBA mantendo sua recomendação de compra ("outperform") para as ações da empresa.

Parte da estratégia de expansão internacional

A Camil afirmou que a compra está em linha com sua estratégia de expansão internacional, permitindo que a empresa inicie operações no mercado paraguaio, diversifique suas fontes de originação de arroz e aumente sua competitividade.

Reação do mercado

Apesar do anúncio da aquisição, as ações da Camil (CAML3) não registraram grandes variações. No pregão de hoje (6), por volta das 12h55, as ações estavam cotadas a R$ 9,63, com queda de 1,6% em relação ao fechamento anterior. Desde o dia 12 de julho, os papéis têm sido negociados acima de R$ 9, mas sem grandes oscilações.

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